14.3.10

Sem título

Quando a viu pela primeira vez, ela estava lá, sentada numa cadeira da rodoviária, a, talvez, uns cinco metros de distância.
Com o ar despreocupado, lia um livro. "O Último Testamento", de Sam Bourne, ele leu na capa. O livro no colo, a mala no banco do lado, uma lata de Coca na mão, na qual ela dava pequenos goles a intervalos ocasionais. De vez em quando seus olhos varriam o salão, se fixavam em algum ponto ao acaso, se detinham por um tempo, mas não muito. Ela logo voltava à leitura. De vez em quando prendia uma mecha de seus cabelos negros atrás da orelha.
"Ela é linda!", ele pensou. Numa das suas olhadas pelo salão, seus olhares se cruzaram por um momento. Segundos, talvez. Pouco tempo depois aconteceu de novo. Dessa vez, ela sustentou o olhar por um tempo. Seus lábios se curvaram levemente no que parecia o esboço de um sorriso. E então ela voltou ao livro.
Durante uns dez minutos, ele travou uma batalha interna. Ia ou não ia falar com ela? Pelo coração, sim, ele ia. Mas cadê a coragem? Ficou assim por minutos, analisando as possibilidades.
De repente, ela guardou o livro na bolsa, deu uma última olhada em volta, pegou a mala, conferiu as horas no relógio de pulso e saiu. Levou alguns segundos até ele perceber que ela estava indo embora. Ele a estava perdendo, mesmo sem chegar a tê-la!
Saiu correndo desvairado em meio à multidão. Mas não foi rápido o suficiente. Quando chegou, ela já havia entrado no ônibus. "Já era. Acabou. Fim. The end. Ces't fini".
Ou não.
Qual foi sua surpresa ao olhar pra janela no final do ônibus.! Ela lhe sorria e acenava, segurando em uma das mãos uma folha branca, onde estava escrito um número de telefone, seguido de um "me liga, Débora ;*".
Ainda assim, Bruno hesitou antes de ligar. Covardemente, é verdade. Mas ligou. Chegou a sentir um alívio quando ela atendeu, num "alô" meio ofegante.
E então, uma semana depois, aqui está Bruno. Num aconchegante restaurantezinho no centro de São Paulo. Esperando por Débora. Que está, obviamente, atrasada. "E se ela não vier? E se não der certo?". Bom, pelo menos ele tentou.

#continua

5 comentários:

Anônimo disse...

aDOREEEIII

Flávia Campos disse...

Isso é por que você não sabe escrever? rs
Ah, pode dizer... Sua criatividade já voltou de viagem!

Mas hein... Diz pro Bruno que a Débora, de certeza, vai dá um sinal de vida. Ela gostou!

beijo!

Bruno Manzaro disse...

Pô, sacanagem, hein ? Li até o fim, esperando um final. Hahaha. Bacana o texto. Gostei.

Luisa disse...

Thanks, thanks, thanks! :D
E eu vou escrever o final, Bruno. Em sua homenagem, como disse no twitter! :D

Laura Reis disse...

muito bom!