2.5.11

Quem a vê passar com seu ar calmo e sereno, nem imagina o turbilhão que vai dentro dela. Quem a vê passar nem imagina as suas angústias, as suas dores, a sua melancolia, as suas saudades. Não imagina sua imensa vontade de viver, seu desejo de abraçar o mundo, seu anseio por felicidade. Ninguém imagina sua imensa tristeza, sua solidão quase que constante, seu coração partido. Não há sequer uma pessoa que imagine todos os seus amores. Seus amores perdidos, seus amores não correspondidos, seus amores imaginários, seus amores decepcionantes, seus amores incansáveis. Não há ninguém que imagine seu medo, sua nostalgia, seu mistério, seu humor, seu vazio. Ninguém que tenha coragem de desbravar esse imenso universo que é ela. Ela que quando passa desperta tantos olhares, tantas viradas de cabeça, tantos elogios, por vezes indecentes. Ela que desperta invejas. Ela, tão insegura. Ela, que não queria olhares, que não queria invejas, que não queria elogios. Ela que só queria alguém que precisasse dela. Alguém que fosse o motivo do ar calmo e sereno de quando ela passa. Ou alguém que fosse o motivo do turbilhão que vai dentro dela. Pra que ela passasse em paz.